A produção de leite conta com diversos fatores que impactam diretamente nas características sensoriais dos derivados lácteos.
Sendo a principal matéria-prima para a indústria de laticínios, garantir a qualidade do leite é o primeiro passo para produzir com segurança e obter os resultados esperados.
Isso é ainda mais importante quando falamos em produtos que utilizam o leite cru, como é o caso do Queijo Minas Artesanal (QMA).
A composição do leite e suas propriedades se definem por meio de um longo processo, que começa na nutrição das vacas e vai até o transporte ao laticínio.
Toda essa jornada deve contar com diversos cuidados, pensados especificamente para os fatores de alteração da qualidade.
Quer saber quais são eles? Então continue lendo e confira a lista!
1. Alimentação e nutrição animal
A alimentação das vacas leiteiras é o primeiro aspecto de cuidado quando falamos na produção de leite.
Esses animais precisam de uma dieta capaz de suprir suas necessidades de água, concentrados, volumosos, suplementos, vitamínicos e minerais. Com uma nutrição inadequada, o resultado é uma diminuição do desempenho reprodutivo.
Um dos possíveis desequilíbrios causados pela nutrição insuficiente são os números de células somáticas no leite.
Elas nada mais são que estruturas de defesa do organismo que, quando há a presença de patógenos nas glândulas mamárias, migram para o interior das glândulas com o intuito de combatê-los.
Portanto, utiliza-se a mineralização na alimentação das vacas, o que reduz a contagem de células somáticas e contribui para a melhoria da qualidade do leite
2. Saúde e bem-estar animal
Além dos cuidados essenciais com a saúde animal (acompanhamento veterinário sistemático, controle de pragas, medicação, tratamentos, etc.), você sabia que os animais também ficam estressados?
Pois ficam! Isso pode gerar uma perda na produção em até 30% ou mais, dependendo de qual situação está gerando o estresse. Nem é preciso mencionar que quando isso afeta todo o rebanho o prejuízo é catastrófico em termos econômicos.
O estresse ainda traz consequências diretas para a saúde do animal. A perda de apetite e a baixa imunidade são algumas delas, tornando-o mais vulnerável à doenças.
A vaca também acaba “escondendo o leite”, termo muito usado pelos agricultores para se referir à ausência de produção de leite por parte do animal.
Sendo assim, é preciso ter cuidado e evitar instalações inadequadas, sujas, mal ventiladas e até mesmo irregularidades no piso, prezando pelo carinho com os animais. Esses são problemas que parecem pequenos, mas que podem causar dor, desconforto e estresse no rebanho.
3. Higiene da ordenha
A ordenha é a etapa mais importante da produção de leite. O processo exige pessoas treinadas e tranquilas, respeitando as etapas de desinfecção.
Da mesma forma, a higienização dos equipamentos de ordenha é tão importante quanto, devendo considerar os enxágues com as soluções adequadas e também a higiene pessoal de todas as pessoas encarregadas de retirar, manipular, armazenar e transportar o leite.
4. Qualidade da água
Outro ponto importante é que todo o processo de síntese, armazenamento e transporte do leite requer equipamentos limpos à base de água tratada.
Esse quesito acaba sendo negligenciado por muitos produtores, sendo uma porta para a contaminação microbiana, para o aumento das taxas de mastite no rebanho e transmissão de doenças ao homem e aos animais.
A água utilizada deve considerar os aspectos físico-químicos ideais para utilização na produção de leite (pH, cloro e concentração de íons minerais).
Além disso, os animais devem consumir água potável e na quantidade necessária para sua hidratação diária.
5. Temperatura de armazenamento e transporte
O resfriamento do leite logo após a ordenha e a coleta a granel são importantes medidas para garantir a qualidade microbiológica do leite.
Mas esses cuidados não são suficientes sozinhos. É preciso adotá-los em conjunto com outras práticas para que a produção de leite se mantenha segura e de qualidade.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na Instrução Normativa Nº 76, de 26 de novembro de 2018, a temperatura máxima de armazenamento do leite na propriedade rural é de 4 ºC, e deverá atingir essa temperatura em até 3 horas após a ordenha (segundo a Instrução Normativa Nº 77, DE 26 de novembro 2018).
Além disso, o tempo transcorrido entre as coletas de leite nas propriedades rurais não deve ser superior a quarenta e oito horas.
Por fim, o transporte a granel é benéfico para produtores, indústrias e para o próprio consumidor final. Isso lembrando, ainda, que as medidas técnicas de refrigeração e limpeza são essenciais, inclusive durante essa etapa.
Assim a qualidade do leite se mantém em todo seu processo de produção e distribuição.
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